Friday, September 17, 2010

XeGaXoRa

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Amor

Posted: 17 Sep 2010 02:06 AM PDT

Nos podemos ter histórias de vida muito diferentes, mas em matéria de amor temos algo verdadeiramente incomum, temos em comum um repertório cultural que é o mesmo, todos aprendemos o que é o amor, todos aprendemos a amar, num mesmo repertório do amor.


O amor é uma coisa que acontece, você já nasce sendo amado, então você aprende a amar assim que nasce, e existem vários filmes que você aprende um pouco sobre amor, como fazer para lidar com sexo oposto, geralmente você não se dá conta que está aprendendo quando está assistindo a um filme romântico, e se observar você se inspira neles para ter as relações que tem.


A música é o amor estão andando juntos, afinal de contas, da onde vem essa relação tão intima entre a relação amorosa e a experiência musical ? a pergunta que serve com uma pergunta, é se há algo na música que permite que se fale de amor quando não é possível se falar de amor ?

Ou seja, pela dificuldade de se falar de amor, talvez cantar o amor seja uma das possíveis soluções.
Amor paixão, Amor distancia, Amor saudade, Amor sereno, Amor desespero, Amor suave.
A música brasileira já cantou todas as faces do amor, um repertório tão vasto, onde se aprecia e se aprende a amar.


Eu Sei Que Vou te Amar - Tom Jobim
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida.


A canção brasileira, eu acho que isso é uma coisa que nem sempre a gente tem tão claro quanto poderia e talvez deveria, a canção no Brasil tem um papel muito especial, são poucas as culturas do mundo aonde a canção popular tem uma inserção tão forte e tão relevante na cultura de modo geral.


O mínimo que dá para dizer é que a canção conversa com toda as mais importante formas de produção cultural, se a gente fala em Clarisse Lispector e pode falar em Tom Jobim na mesma frase sem cair o registro, pode falar em Chico Buarque e Caetano Veloso, assim como fala de Drummond ou fala de Cabral. A qualidade das letras para começo de conversa é algo absolutamente formidável.


Então, Como a gente aprende a amar? O que é essa experiência amorosa? Da onde vem as formas que a gente aprende a se apaixonar?


Amar sendo amados, o bebe desenvolve o sentimento amoroso a partir do cuidado que recebe, amar vem do berço, o amor do ser humano nasce quando ele percebe o amor do outro.


Imagino que você está se perguntando, como assim ?? aprendemos a amar?? Como é que é isso?


A gente imagina que amar é parte da nossa natureza, mas não é nãão..., são presenças culturais tão fortes que nos dão uma impressão de naturalidade, mas na verdade são fatos culturais.

Aprendemos amar em casa, de forma incipiente, quando a gente nasce, temos todos os sexto sentidos, mas eles precisam de ativação, senão não desenvolve.


"O amor dos pais faz surgir o amor do bebê" Jacques Lacan.


Se eu não encontre ninguém que me ame, eu não vou aprender a amar, então minha participação na comunidade dos homens vai ser bastante prejudicada.


Eu sei que apesar de amor ser uma coisa que se aprende, muitos dentre nós, conheçe pessoas que nunca tiveram um amor paixão por exemplo, isso acontece, e essas pessoas que nunca tiveram um amor paixão não vai nenhum julgamento moral, elas nunca tiveram um amor paixão, mas elas podem amar seus amigos, podem amar a humanidade, podem amar seu país.


Com isso a gente tem uma chance de começar a desconfiar o que é respeito mutuo e o que é estar junto e não ter medo do outro, e nem ter medo do desaparecimento do outro.


Que pode uma criatura, senão, entre criaturas, Amar?
Amar e esquecer, amar e malamar, amar desamar amar. Sempre e ate de olhos vidrados, Amar?

Amar, amar, amar, amar, amar, amar.. .rsss este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Amar – Carlos Drummond de Andrade. 
 

Que lindo, o amor se torna um grande tema, com a modernidade, alias, ele nasce como o tema central da modernidade, sem as histórias de amor a modernidade não teria acontecido, primeiro isso é uma coisa que sabemos, o sujeito moderno precisa de ficções, porque?, o sujeito moderno tem a tarefa de se inventar, o repertório das ficções literárias mas que hoje são filmes, televisão, músicas e letras, se constituem quando a modernidade triunfa, o sujeito precisa de um repertório de devaneios para inventar sua vida, o possível com o qual sonhar, o sujeito pré-moderno não tem essa necessidade, a vida já estava decidida desde o nascimento.


O amor cortes foi a semente de uma revolução dos costumes, encontros entre o poeta e a dama da nobreza simbolizavam a quebra dos padrões sociais em benefícios da vontade do indivíduo, com o passar dos séculos cada vez mais o indivíduo começou a protagonizar sua própria história, e nessa história o amor ocupa o papel central. O amor é um sentimento que não obedece às regras de uma sociedade de castas, o amor passa por cima da distância social, começa assim o mundo individualista, quer dizer, o sentimento do indivíduo está acima das regras coletivas


A tecnologia e o amor, o corpo parece funcional com essas tecnologias, é como uma outra roupa que a gente põe por cima, as tecnologias de hoje dão possibilidade de construir não um corpo maquina, mas de construir uma variedades de identidades desprendidas do ego, com as quais a gente pode colocar em funcionamento na internet, a internet possibilita o sujeito a vestir essa roupa que deseja e fazer seu marketing, o marketing da mercadoria, rsss.. o orkut é o mundo da vitrine, da propaganda, das estratégias de marketing.


"Meus olhos ficam sorrindo, e pelas ruas vão te seguindo mas mesmo assim foges de mim"


Amor é uma coisa que se aprende e desafia o senso comum, costumamos pensar no amor como espontâneo, incontrolável, algo tão natural em nós que não pensamos a respeito, apenas sentimos, ao refletirmos sobre o amor, as dúvidas aparecem,o amor é um ideal?, uma fantasia?, é o que de mais humano existe em nós?, afinal, o que é o amor?






O SEU SANTO NOME
Carlos Drummond de Andrade
Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão ( e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.

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